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terça-feira, 9 de abril de 2019

Escravatura (2)

Durante quatro séculos, milhões de seres humanos cruzaram o Atlântico, de África para as Américas, em viagens de desespero e de morte, onde cerca de 40% morriam. Os que sobreviviam eram utilizados como força de trabalho, nas plantações de café, nos engenhos de açúcar ou em outras explorações agrícolas ou mineiras. Um dos destinos mais marcantes, foi o Brasil; primeiro com os portugueses, na 2ª metade do século XVI, depois com os holandeses que levavam escravos das colónias africanas, para as senzalas brasileiras (aquela espécie de casa), onde viviam, sem quaisquer direitos, torturados e acorrentados, de onde só saiam para trabalhar. Foi assim até quase finais do século XIX.


segunda-feira, 8 de abril de 2019

Escravatura (1)

 Recordo o que me disse uma professora de História caboverdiana quando visitei com ela o Forte da Cidade Velha, antiga capital do arquipélago, a primeira cidade europeia em África e um enorme entreposto de compra e venda de escravos:
-"Não podemos analisar o passado, com os olhos de hoje; o que se passou há séculos, teve um enquadramento, umas razões, que precisamos conhecer e situar na época. A escravatura e o tráfico negreiro não começou com os portugueses, nem terminou com eles..."
Não é por isso que pode haver desculpabilização. Eu não vejo assim; para mim, compreender a história não pode ser desculpar atrocidades; não pode ser aceitar o tratamento de seres humanos como se fossem simples mercadoria. 

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Um Poema de José Craveirinha - lembrando Moçambique

UM HOMEM NÃO CHORA

Acreditava naquela historia
do homem que nunca chora.

Eu julgava-me um homem.

Na adolescência
meus filmes de aventuras
punham-me muito longe de ser cobarde
na arrogante criancice do herói de ferro.

Agora tremo.
E agora choro.

Como um homem treme.
Como chora um homem!




terça-feira, 26 de março de 2019

A redistribuição da riqueza - um dos maiores problemas do mundo

Quando olhamos as imagens da tragédia moçambicana, vemos bem o que é não ter nada; vemos bem o que significa salvar um alguidar e uma panela que pode significar a única maneira de uma família continuar a sobreviver.   
O fosso, entre ricos e pobres, é inaceitável. Todos o sabem, mas que importa! Aquando da reunião de Davos, soube-se, através de um estudo da Oxfarm, que 26 pessoas detêm fortunas iguais a 50% da população mais pobre. Portanto, a redistribuição da riqueza é um logro, as desigualdades vão, todos os anos, aumentando, concentradas em cada vez menos pessoas.
Este sistema político capitalista não funciona, em vez de transparência, cria opacidade, com os que mandam no mundo e na riqueza a protegem-se uns aos outros.



sexta-feira, 22 de março de 2019

Ajuda humanitária em Moçambique


Em Moçambique, o ciclone Idai destruiu tudo à sua passagem, originando cheias que estão a arrasar extensas zonas, sobretudo, da província de Sofala e concretamente a cidade da Beira. Os números são já alarmantes, centenas de mortos, milhares de feridos, mais 600 mil desalojados..., pessoas a viver a maior tragédia que só a ajuda internacional, em força, bem coordenada e com a avaliação exata da situação, pode minorar. 
Desejo que o maior número de pessoas seja salvo e que os hospitais de campanha possam ser instalados de modo a suprir a situação existente nesta área, tratar os feridos e prevenir a cólera, a malária e outras doenças. A seguir, haverá tempo para a reconstrução, mas esta fase de emergência parece tão ampla e tão difícil que temo que a situação se agrave.

sexta-feira, 15 de março de 2019

O descontentamento dos professores

Os professores acabam de perder a «guerra» com o governo pela a contagem integral do tempo de serviço a que tinham (e têm) direito, e isto não é justo.  

O resultado imediato é o aumento da insatisfação da classe docente e a instabilidade nas escolas, com inevitáveis reflexos nas aulas e no aproveitamento dos alunos. 
Governo e sindicatos radicalizaram posições e agora  voltar atrás não parece tarefa fácil.

segunda-feira, 11 de março de 2019

Um furo de água, simplesmente

Não podia ir à escola, porque tinha de ajudar a mãe a acartar água. Durante toda a manhã, subiria, vezes sem conta, a encosta da montanha, até à fonte mais próxima, e transportaria, à cabeça, dentro de um alguidar, garrafas de água – a maneira de levar mais e de não deixar cair nenhuma pinga –, até encher todos os cântaros e regar toda a horta.

Muitas vezes sonhava: - «E se de repente nascesse uma fonte, perto da minha casa»!
Sim, isso era possível, porque a água estava lá, bem no fundo da terra, talvez cheia de preguiça e sem vontade de se levantar, de esfregar os olhos e de iniciar uma aventura até à superfície.

Mas, talvez não seja preguiça, pode acontecer que a água não consiga mesmo sair, é que, lá em baixo, é sempre de noite, e ela, como acontece connosco, não sabe mover-se no escuro. A solução era abrir uma janela, uma espécie de furo, que descesse, descesse, até lá ao fundo, para mostrar o caminho à água. Já fora, haveria de nascer uma fonte.

No dia em que isso acontecer, haverá festa nos rios, nos parques e, até, nos pátios das escolas, com meninos felizes que não precisam mais de gastar os dias a acartar garrafas de água, dentro de alguidares.