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quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Para quê um blog?

Este blog dura há um ano. Aqui, escrevi pequenos textos, essencialmente, sobre questões de direitos humanos. Passado este tempo, pergunto-me: - será que algum deles foi lido? Talvez sim, talvez não. Apenas, registei três comentários, o que prova, no meu caso, que mais vale conversar com a minha vizinha do lado ou telefonar a uma amiga a dizer duas coisas, que escrever num blog. É verdade que só falei dele a duas ou três pessoas, é verdade que não domino a técnica, é verdade que não me movo na blogosfera (nem sequer sei bem o que é), mas isso não justificará a completa falta de eco. A justificação talvez esteja no facto da Internet poder ser o lugar mais clandestino do mundo. Há nela uma demasia, uma desproporção, um excesso, que o humano não comporta, por isso, só funciona em pequenas "paróquias", onde todos se ouvem uns aos outros, aliás, escrevem uns para os outros. Admito que muita da minha descrença seja ignorância. Talvez. Mas, por agora o blog acaba aqui.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O inferno de Gaza, pior parece já não ser possível

Estamos sempre no ano zero, o ser humano não aprendeu (não aprende) nada, apesar de séculos e séculos de história, de filosofia, de ciência, etc., etc. Odiamos e matamos como sempre fizemos, apenas muda o fuzil, e infelizmente para pior, com as armas de hoje, a barbárie e a destruição são totais. Como é que se pode dizer qualquer coisa, quando não se protegem minimamente as populações civis? Estou tão cansada de instituições internacionais que não funcionam: obriguem Israel a manter abertos corredores de segurança para se poder garantir a ajuda humanitária. É o mínimo.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Cruzar olhares

A questão da identidade é para mim uma interrogação profunda. Quem somos? O que fundamentalmente nos move? É verdade que aprendemos, desde crianças, a ver o mundo com os olhos da nossa cultura e isso condiciona a forma como sentimos e valorizamos o que nos rodeia. Muito do que somos, pela vida fora, está, ainda, nas experiências vividas e nas cumplicidades partilhadas, naquela rua, aldeia ou cidade da nossa infância, com a família, os vizinhos e os amigos, como se uma identidade familiar, cultural e social se nos colasse à pele e determinasse, em muito, o que somos.
É por isso que, frequentemente, olhamos o mesmo mas não vemos a mesma coisa e nem sequer lhe atribuímos o mesmo valor, por termos noções e sentimentos sobre o que consideramos ser o bem e o mal, o essencial e o acessório, muito distintos dos de outros grupos culturais. E é assim que, no mesmo espaço, às vezes, na mesma rua, no mesmo prédio, na mesma casa, encontramos diferentes modos de valorizar e de compreender as situações, e isso influi nas escolhas e nas opções de cada um. Portanto, o que incomoda não são os diferentes modos de sentir e de olhar, o que incomoda é a incapacidade de olharmos no mesmo sentido e de partilharmos esses olhares.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Guerra, indecência humana

Caem bombas na Faixa de Gaza como já antes caíram em muitos e muitos lugares do mundo. O espectáculo da maldade humana precisa sempre de um palco ou de vários ao mesmo tempo - Iraque, Afeganistão, Congo, Somália, Zimbabué, etc. Nada a fazer. Parece impossível resolver de uma vez a questão da violência entre seres humanos.
Neste conflito, como em todos os outros, não há os bons e os maus, os que têm e os que não têm razão. Todos são culpados. Sabemos disso, daí que seja tão difícil analisar com o mínimo de objectividade qualquer conflito.
Ainda assim, a paz parece ser algo que, aparentemente, querem e desejam. Mas então por não a constroem? Por que razão buscam sempre um inimigo?
Eu por mim não sou capaz de uma resposta. Dói-me pensar que nos ataques a Gaza, aliás, como quase sempre, a política dos interesses mais mesquinhos se imponha. Dói-me pensar que mulheres, como a ministra dos negócios estrangeiros de Israel, estruturem a sua vida pública por puro calculismo político. Se conseguirem destruir completamente o Hamas com o mínimo de baixas nas tropas israelitas, mesmo que ao mesmo tempo tenham destruído parte de um povo inocente, pode ser que o prémio seja a vitória nas próximas eleições e ela se torne 1ª ministra. E o mundo olhará para ela como?

sábado, 20 de dezembro de 2008

A loucura do ditador

Sempre o inqualificável Mugabe e a sua insanidade mental a determinar a agonia de um povo. A negação da realidade, é absurda. Não vê a cólera, a fome, a miséria, a opressão. Nada existe, tudo está controlado e bem. Negar a evidência seria tolerável, se este senhor estivesse internado num hospício, mas não está, é presidente dum país. Se a comunidade internacional continuar a assistir sem nada fazer ou a fazer tão pouco que nada se vê feito torna-se cúmplice do ditador por omissão ou falta de firmeza. Estão à espera do quê, que ele morra? Vêm-me à ideia a palavra cobardia.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A família da "Ilha Paraíso", os direitos das crianças

A família de alemães (pai, mãe, seis filhos ainda crianças e mais dois jovens de um primeiro casamento do pai), vivendo numa quinta no concelho de Marvão, seguindo um modo de vida e uma ideologia/religião/crença fundamentalista que tem como grande argumento viver o mais natural possível, em contacto pleno com a natureza, sem quaisquer sinais de civilização (ainda que haja um telefone e um computador) e ou de direitos sociais (casa, higiene, cuidados de saúde, escola, ...), não pode deixar de nos incomodar.
Se os adultos querem viver desta maneira, pondo em causa muitas coisas, pode compreender-se e pensar-se que estão no direito de fazer uso, até ao limite, da sua liberdade individual; mas que imponham este modo de vida aos filhos (que tem direitos mesmo antes de nascer) é inaceitável, e o Estado português tem de fazer alguma coisa. Os direitos humanos são dos indivíduos, de cada pessoa, os direitos dos filhos não são direitos dos pais, eles têm direito a ser protegidos pelas instituições da república portuguesa (sendo ou não portugueses), mesmo que os pais não queiram, de resto, é isto mesmo que acontece noutros casos.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Dia Mundial dos Direitos Humanos

Hoje, 10 de Dezembro, a Declaração Universal dos Direitos Humanos faz 60 anos. Olhamos à volta e perguntam-nos: - o que fez a humanidade desses 30 artigos, princípios de acção, válidos para todos os seres humanos, novos ou velhos, saudáveis ou com alguma deficiência, negros, brancos, amarelos ou peles vermelhas, vivendo aqui ou em qualquer lugar do mundo? Não é justo dizer que nada foi feito, há um quadro jurídico importante - declarações, tratados internacionais, convenções - e há também um crescente movimento de consciencialização a nível mundial. Contudo, muito falta ainda fazer para que as condições mínimas a uma vida digna sejam garantidas a todas as pessoas, e isto é válido para as situações mais dramáticas, como a guerra, a extrema pobreza, etc., que temos sempre tendência a ver lá longe, como para a violência doméstica, os sem-abrigo, etc., problemas do prédio, da rua ou da cidade onde vivemos e que fingimos não ver. Os direitos humanos são uma questão de ontem, de hoje e de amanhã, de aqui e de todos os lugares do mundo. Este é o desafio. Nada está definitivamente adquirido, em lugar nenhum. Talvez, o mais permanente do humano seja a sua imprevisibilidade.