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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Quando a escolha é impossível

Uma mulher francesa converteu-se ao islamismo para poder casar com um engenheiro da Arábia Saudita, com quem teve dois filhos. Foi, porventura,uma bonita história de amor e, quando é assim, nada mais há a dizer. Acontece que o senhor morre e ela quer voltar para França com os filhos. Parece uma coisa razoável, mas acontece que pela lei islâmica é à família do marido que cabe prover ao sustento dela e dos filhos. Desenha-se um imenso conflito: submeter-se e ficar ou deixar os filhos e partir sozinha. Mas como se pode escolher entre estas duas alternativas? Quantos direitos aqui estão violados? Como pode uma tradição religiosa sobrepor-se ao direito humano de cada um viver livremente como entender e onde quiser?

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Lá longe, a escola

Ontem comecei a ver uma reportagem na SIC sobre o analfabetismo e fiquei tão perturbada que fechei a televisão. Não consegui ver. Na verdade, a miséria é uma bola de neve, um problema traz outro, e outro, e mais outro ... e a dado momento a quase impossibilidade de reacção.
Aquelas imagens, de uma jovem mãe com uma filha ao colo, junto à barraca onde mora, são um quadro que nos devia incomodar a todos, pois não chega dizer que pagamos impostos (os que pagam), mas devia sobretudo incomodar, dar pesadelos, a quem tem o poder e a obrigação de fazer alguma coisa mais e não faz.

Como estamos longe de uma escola para todos, por mais que as leis e os discursos digam o contrário!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Têm um diploma, e agora ...

É grande a discussão sobre a equidade dos sistemas educativos, a própria Comissão Europeia se tem referido a isso. Há quem entenda que há uma incompatibilidade teórica entre equidade e eficácia e, portanto, mais valeria um sistema rigoroso, selectivo, em vez de um facilitismo generalizado e um descrédito social nos diplomas e na própria instituição escolar, o que a longo prazo se voltará contra aqueles que agora o sistema pretende beneficiar. Outros entendem que nunca a eficácia se pode sobrepor à equidade e argumentam a favor duma complementaridade, a partir do princípio da diferença de Rawls.
Aparentemente também nós estamos aqui: temos um sistema equitativo que diferencia em benefício dos mais desfavorecidos, com o objectivo de incluir toda a gente. Isto tem notoriamente eficácia interna - diminue o abandono e o insucesso escolares e eleva o nível de escolarização dos portugueses -, mas terá igual eficácia externa? Terão os diplomas a credibilidade necessária? Haverá respostas para o futuro dos jovens ?

É que uma escola justa não pode ser geradora de outras e maiores desigualdades.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Estão todos inocentes, não há culpados?

Se é verdade que 700 prisioneiros passaram mesmo por território português a caminho da prisão de Guantanamo, onde alguns foram torturados, alguém tem que responder por isto. Ou estão todos inocentes? Quem faz estas coisas, ou fecha os olhos permitindo que se façam, não merece a nossa confiança. É uma questão de consciência cívica, de dever moral, de vergonha na cara; não são trocos (que me importa o petróleo ou outros negócios, se estou a falar da vida de pessoas, da DIGNIDADE humana), também não podem ser estratégias para determinadas carreiras políticas. Isto virá ou não, alguma vez, a ser apurado? Haverá consequências? Se calhar nenhumas, ninguém sabe, ninguém viu.

Que justiça é esta, que Estado é este, onde tudo termina em arquivamentos, prescrições e outras coisas que tais, por mais inquéritos que se façam! Parece que é tudo para entreter o povo, e o emaranhado da lei a (des)proteger a lei .

domingo, 27 de janeiro de 2008

Acredito em Obama

Estou feliz por Obama ter ganho folgadamente nas primárias da Carolina do Sul. Dizem que Hillary Clinton tem mais experiência, um marido atrás, e que os Estados Unidos estão numa situação tal que seria bom uma espécie de "dois em um". O velho argumento dos imprescindíveis, dos salvadores da pátria, dos vencedores antecipados, ou eles ou o caos.

Por que não pode Obama ser o presidente que os Estados Unidos e o mundo precisam? Decerto que pode, porque milhões de pessoas o querem, este é o valor e a força da democracia. É tempo de algo de novo acontecer!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

A impressora era um esmero, mas não imprimia

Uma situação real: uma semana de trabalho, num país africano, um gabinete aparentemente equipado, um computador e uma impressora de última geração, e ainda assim a quase impossibilidade de poder trabalhar. É que não foi possível imprimir uma página, nem pedindo no gabinete ao lado, nem no outro, nem em nenhum lado. Há muito que a tinta para as impressoras se tinha esgotado.

Má organização ou simplesmente um dos inevitáveis paradoxos duma certa ideia de desenvolvimento?

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Em bicos de pés, mas invisíveis

Há pessoas que têm uma necessidade, para mim incompreensível, de se fazerem íntimas de tudo o que é "gente importante", conhecem toda a gente, já estiveram aqui, ali e além, são amigos, etc. , etc. Depois, vai-se a ver e apenas os conhecem da televisão, ou , na melhor das hipóteses, de um colóquio ou reunião, nunca lhes dirigiram a palavra, trocaram uma ideia ou seja lá o que for. Mas enquanto dura a ilusão também elas são "importantes".

Fico a pensar: porque será que esta gente em bicos de pés é para mim cada vez mais invisível. Se calhar sou eu que não estou bem. Precisarei de óculos?