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sábado, 19 de março de 2011
O perigo nuclear
É evidente que não percebo nada de energia nuclear, centrais, etc., mas perante o que está a acontecer no Japão, penso sempre no modo como as sociedades foram construindo o seu desenvolvimento, parece sempre que nada chega, que nada é suficiente, que é necessário sempre mais e mais tecnologia, mesmo que isso implique resíduos perigosos, radioactivos e outros, para muitas e muitas gerações. O preço a pagar é alto, muito alto, e já não é preciso esperar pelo futuro, a factura está aí.
quarta-feira, 16 de março de 2011
Japão, a contingência assusta
O sismo, o tsunami que se seguiu e agora o desastre provocado pelas centrais nucleares mostram como, de um momento para o outro, muda tudo. Mas muda a uma escala inimaginável de destruição, com reflexos globais. Pecebe-se porque há já quem fale de apocalipse para se referir ao que se passa no Japão.
sábado, 12 de março de 2011
Sismo no Japão
As imagens do tsunami que se seguiu ao violento sismo são reveladoras da força da natureza e da grandeza da tragédia humana e material, nesta zona do globo. Mas, enquanto isso, há uma certa normalidade em muitas regiões e cidades do país, como se o abalo fosse apenas isso e tenha passado. Claro que não passou, mas não é comparável com a tragédia do Haiti do ano passado. É a diferença entre o primeiro e o quarto mundo, entre o ter e poder planear e acudir e nada ter. Não é a mesma vulnerabilidade, embora seja grande o impacto.
terça-feira, 8 de março de 2011
Líbia, continua o delírio
Então não é que o Coronel quer reunir com a oposição, no Parlamento, para uma saída negociada! E enquanto isso manda bombardear as cidades. Quer garantias, para si e para a sua família, de que nada de mal lhes vai acontecer. É irónico, no mínimo!
sexta-feira, 4 de março de 2011
Escravatura (3)
Reduzido a força de trabalho, qual animal de carga, sem nenhum direito, comprado e vendido, como mercadoria, explorado até ao limite das suas forças, peça de uma engrenagem infame que reduz homens a escravos, sentia que não podia fraquejar. Não tinha escolha: só a revolta. Sairia disto, tinha a certeza, pois, ao contrário da mãe não se sentia escravo por dentro, tinha forças para lutar. Não era escravo, fizeram-no escravo, sem direitos, sem documentos, sem reconhecimento... Pensava: “Um dia, mesmo que demore muito, haverá uma luz; segui-la-ei, com todos os companheiros da senzala, o portão não voltará a fechar-se e poderei, enfim, decidir da minha própria vida".
quarta-feira, 2 de março de 2011
A escravatura (2)
Ouvia, vezes sem conta: “não podes fazer, não podes sentir, não podes imaginar…”, mas que vida era esta que a própria mãe lhe impunha como destino, como se nada houvesse a fazer. Crescer com a ideia de que tudo é impossibilidade, perturba até os sonhos; sempre nos seus sonhos aparecia uma portão, um capitão do mato, um estrada sem saída, um labirinto que acabava num palmeiral, onde, por entre os ramos, o sol sempre se escondia. Por que seria sempre pôr do sol? Por que se fechava o portão? Por que terminava a estrada? Pesadelos da noite que a dura realidade do amanhecer tornava reais, sempre a mesma senzala, sem nada, que não fosse a voz do feitor, um naco de pão, uma enxada, um trilho para caminhar até à roça e o mesmo trabalho forçado. Trabalhar, trabalhar, horas e horas, quantas mais melhor, dependeria da época do ano, mas sempre muitas, claro.
terça-feira, 1 de março de 2011
A escravatura (1)
Tinha sentimentos e sonhos de gente, mas não podia ser gente. Não o consideravam como tal. Tinha vontade, razão, ideias, desejos..., mas não tinha a liberdade de fazer fosse o que fosse. Vivia aprisionado e a prisão não estava apenas em não poder sair pelo portão da fazenda, em não poder saltar os muros da roça, em não poder atravessar o rio para o lado de lá. A liberdade não estava em lado nenhum. Sabia-o e por isso ficava ali, incapaz de decidir o que fosse sobre a sua própria vida.
Questionava se poderia viver naquela tempestade interior toda a sua vida? E a resposta era invariavelmente a mesma: impossível, resistir. Tinha de encontrar uma saída, antes que lhe aprisionassem também a alma. A liberdade era uma voz interior que não podia calar, embora, quando a raiva apertava mais, fizesse de tudo para silenciar esse desejo de ser livre. Fazia-o para sobreviver.
Questionava se poderia viver naquela tempestade interior toda a sua vida? E a resposta era invariavelmente a mesma: impossível, resistir. Tinha de encontrar uma saída, antes que lhe aprisionassem também a alma. A liberdade era uma voz interior que não podia calar, embora, quando a raiva apertava mais, fizesse de tudo para silenciar esse desejo de ser livre. Fazia-o para sobreviver.
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