- "Você me desobedeceu". Tronco, chibata,
espectáculo público, para que todos vejam o que acontece a quem enfrenta o
senhor ou as ordens do feitor, essa figura sinistra de que todos os cobardes
mandantes precisam. Sofrem até ao limite, no corpo e na alma, caem
inconscientes, irremediavelmente estropiados e muitas vezes mortos. Mas que
importa, são mercadoria! Lamenta-se apenas o prejuízo: - "Era um escravo
forte, bom para o trabalho. Tanto dinheiro que dei por ele"!
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domingo, 14 de abril de 2019
Escravatura (3)
Século XVIII, numa qualquer fazenda de café, cacau, algodão ou
plantação de açúcar, multidões de negros vivem reduzidos à força de trabalho.
Cabeça baixa, sempre em atitude de submissão: - "Sim senhor, sim senhor.
Está bem, senhor". Uma vida inteira debaixo do mesmo sol, da mesma poeira,
da mesma desumanidade. Sem família, sem escola, sem documentos.
terça-feira, 9 de abril de 2019
Escravatura (2)
Durante quatro séculos, milhões de seres
humanos cruzaram o Atlântico, de África para as Américas, em viagens de
desespero e de morte, onde cerca de 40% morriam. Os que sobreviviam eram utilizados
como força de trabalho, nas plantações de café, nos engenhos de açúcar ou em
outras explorações agrícolas ou mineiras. Um dos destinos mais marcantes, foi o Brasil; primeiro
com os portugueses, na 2ª metade do século XVI, depois com os holandeses que
levavam escravos das colónias africanas, para as senzalas brasileiras (aquela espécie de casa), onde
viviam, sem quaisquer direitos, torturados e acorrentados, de onde só saiam para trabalhar. Foi assim até quase finais
do século XIX.
Etiquetas:
Brasil,
escravatura,
senzalas
segunda-feira, 8 de abril de 2019
Escravatura (1)
Recordo o que me disse uma professora de História caboverdiana
quando visitei com ela o Forte da Cidade Velha, antiga capital do arquipélago, a primeira cidade europeia em África e um enorme entreposto de compra e venda de escravos:
-"Não podemos analisar o passado, com os olhos de hoje; o que se passou há séculos, teve um enquadramento, umas razões, que precisamos conhecer e situar na época. A escravatura e o tráfico negreiro não começou com os portugueses, nem terminou com eles..."
-"Não podemos analisar o passado, com os olhos de hoje; o que se passou há séculos, teve um enquadramento, umas razões, que precisamos conhecer e situar na época. A escravatura e o tráfico negreiro não começou com os portugueses, nem terminou com eles..."
Não é por isso que pode haver desculpabilização. Eu não vejo assim; para mim, compreender a história não pode ser desculpar
atrocidades; não pode ser aceitar o tratamento de seres humanos como se fossem simples mercadoria.
quarta-feira, 3 de abril de 2019
Um Poema de José Craveirinha - lembrando Moçambique
UM HOMEM NÃO CHORA
Acreditava naquela historia
do homem que nunca chora.
Eu julgava-me um homem.
Na adolescência
meus filmes de aventuras
punham-me muito longe de ser cobarde
na arrogante criancice do herói de ferro.
Agora tremo.
E agora choro.
Como um homem treme.
Como chora um homem!
do homem que nunca chora.
Eu julgava-me um homem.
Na adolescência
meus filmes de aventuras
punham-me muito longe de ser cobarde
na arrogante criancice do herói de ferro.
Agora tremo.
E agora choro.
Como um homem treme.
Como chora um homem!
terça-feira, 26 de março de 2019
A redistribuição da riqueza - um dos maiores problemas do mundo
Quando olhamos as imagens da tragédia moçambicana, vemos bem
o que é não ter nada; vemos bem o que significa salvar um alguidar e uma panela
que pode significar a única maneira de uma família continuar a
sobreviver.
O fosso, entre ricos e pobres, é inaceitável. Todos o sabem,
mas que importa! Aquando da reunião de Davos, soube-se, através de um
estudo da Oxfarm, que 26 pessoas detêm fortunas iguais a 50% da população mais
pobre. Portanto, a redistribuição da riqueza é um logro, as desigualdades vão, todos
os anos, aumentando, concentradas em cada vez menos pessoas.
Este sistema político capitalista não funciona, em vez
de transparência, cria opacidade, com os que mandam no mundo e na riqueza a
protegem-se uns aos outros.
Etiquetas:
justiça social,
política; desenvolvimento,
redistribuição
sexta-feira, 22 de março de 2019
Ajuda humanitária em Moçambique
Em Moçambique, o ciclone Idai destruiu tudo à sua passagem,
originando cheias que estão a arrasar extensas zonas, sobretudo, da província
de Sofala e concretamente a cidade da Beira. Os números são já alarmantes,
centenas de mortos, milhares de feridos, mais 600 mil desalojados..., pessoas a
viver a maior tragédia que só a ajuda internacional, em força, bem coordenada e
com a avaliação exata da situação, pode minorar.
Desejo que o maior número de
pessoas seja salvo e que os hospitais de campanha possam ser instalados de modo
a suprir a situação existente nesta área, tratar os feridos e prevenir a
cólera, a malária e outras doenças. A seguir, haverá tempo para a
reconstrução, mas esta fase de emergência parece tão ampla e tão difícil que
temo que a situação se agrave.
Etiquetas:
ajuda humanitária,
catástrofe natural,
Moçambique
sexta-feira, 15 de março de 2019
O descontentamento dos professores
Os professores acabam de perder a «guerra» com
o governo pela a contagem integral do tempo de serviço a que tinham (e têm) direito, e isto não é justo.
O resultado imediato é o aumento da insatisfação da classe docente e a instabilidade nas escolas, com inevitáveis reflexos nas aulas e no aproveitamento dos alunos.
Governo e sindicatos radicalizaram posições e agora voltar atrás não parece tarefa fácil.
O resultado imediato é o aumento da insatisfação da classe docente e a instabilidade nas escolas, com inevitáveis reflexos nas aulas e no aproveitamento dos alunos.
Governo e sindicatos radicalizaram posições e agora voltar atrás não parece tarefa fácil.
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direitos dos professores,
Educação
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