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terça-feira, 15 de julho de 2008

A violência na Quinta da Fonte

Porventura, poucas coisas há tão complexas e tão "inevitáveis" como a violência, tenha lá a forma e a intensidade que tiver. É como se estivéssemos condenados a isto. Sempre foi assim , e assim será. Triste destino o nosso.
Mas para quê tanto pessimismo - pensarão alguns - quando somos capazes de tanta coisa boa, de explorar o espaço, de avançar desmesuradamente na ciência e na técnica, de pintar maravilhosos quadros, de escrever livros, construir monumentos, etc. Na verdade, somos capazes disto tudo e também do resto, duma agressividade animalesca sempre presente em nós, que não dorme, a qual devemos paciente e permanentemente controlar. Não é qualquer coisa que só os outros têm. Não se trata de uma questão étnica, social, cultural, mesmo que estes e outros aspectos possam comportar elementos potenciadores da violência. Todos somos violentos, todos nos devemos auto-vigiar, e mesmo assim não é seguro que não sejamos os primeiros a atirar pedras.

sábado, 12 de julho de 2008

Para quê tanta burocracia

Aparentemente, pareceria, nesta era da Internet, que a burocracia teria os dias contados. Qual quê! Continua, implacável, com os zelotas de sempre. A burocracia é das coisas que mais me desorienta, e mais um documento, e mais uma declaração, e mais um fax, e mais isto e mais aquilo, para nada, apenas e só para complicar. Aquele argumento de que são os papéis que salvaguardam os nossos procedimentos, até pode ser válido, mas o que se perde em energias, em tempo, em dinheiro, é demasiado. Às vezes, apetece desistir.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Índios brasileiros

Há uma semana atrás dois representantes de um povo índio foram recebidos por deputados da Assembleia da República portuguesa. Têm uma história e querem contá-la. Têm uma luta e precisam de ajuda. Não impressiona o seu ar diferente, as penas na cabeça, impressiona sobretudo o que sentem e o que dizem. Falam de dignidade, de direitos e de respeito por um povo e uma terra que lhes pertence. Sempre, pertenceu. Antes, ninguém invadia as suas terras, incomodava as suas caçadas, destruía as suas florestas, poluía os seus rios, mandava nas suas vidas. Agora tudo mudou. Alguém destruiu o que era deles, sem pedir ordem, sem pedir licença, sem consideração. Alguém invadiu e roubou os seus haveres. Isto é maldade, mesmo que tenha por base uma decisão política. A política não se faz contra as pessoas e os povos, mas com eles.
Os índios não querem donos, nem patrões, nem homens brancos, que apareçam a ensinar tudo e nada queiram aprender em troca.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Liberdade para os prisioneiros

Ontem, Ingrid Betancourt, com mais catorze reféns, foi libertada, depois de anos prisioneira das FARC, na selva colombiana. Aparentemente, todos estão bem, sorridentes, felizes, junto de familiares. Mas, só aparentemente, quem passa por uma situação limite desta natureza não pode mais ser o mesmo. O que impressiona mais é a capacidade de resistência do ser humano, apoiada ou não na crença, ninguém sabe os seus limites. Aguentamos muito, demasiado. Sobrevivemos a tantos dramas, a tantos tormentos, que às vezes nem nos parece possível!
Que imagens, pesadelos, horrores e delírios povoaram os anos de cativeiro? Deixaram a selva, mas talvez nunca mais deixem uma imensidão de nódoas negras, por mais invisível que seja.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Espécie de democracia, não existe

A conferência que ontem teve lugar numa instância balnear egípcia, dos representantes da União Africana mostra bem o entendimento que a maioria daqueles senhores tem da democracia: não se pode agir contra Mugabe, porque há outros ditadores e farsantes democratas à volta da mesa. Nem sequer, no documento final, é dito que as eleições foram condicionadas e injustas, condena-se apenas a violência. Assim, não. O argumento daqueles que advogavam que é preciso deixar os africanos resolver os problemas de África, cai por terra, já se viu que eles não o fazem. É preciso que a ONU intervenha, já passou tempo de mais. Do que estão à espera?

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Uma situação insustentável

O que se está a passar no Zimbabué ultrapassa o que se pode pensar como possível, mesmo tendo em conta a total maldade do ditador e dos seus comparsas. Para mim, é um caso de sanidade mental, Mugabe não pode estar em perfeito juízo, não pode. O que fazer? Esperar que Deus o tire do lugar, a única forma possível, como diz o próprio, ou obrigar, por pressão das opiniões públicas mundiais, a ONU e outros organismos a fazer alguma coisa de substantivo? Não chega condenar, não reconhecer, impor sanções, porque nada resulta. Este homem não pode continuar no poder. A farsa é desmesurada, maior só a miséria do povo.
Não há outro interlocutor no regime? Mas há oposição, que o povo já legitimou, por que é que a comunidade internacional não tem isto em conta? Esperamos para ver.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Antigo entreposto de escravos

Visitei uma fortaleza na costa africana, monumento recuperado pela cooperação espanhola, que foi, por mais de quatro séculos, entreposto de escravos. Por momentos, o peso da história - que não podemos reescrever nunca, mas que nos deve ensinar sempre alguma coisa - cai-nos em cima. O tráfico negreiro é uma nódoa na história do mundo, da Europa e de Portugal. Tantos momentos tristes, mesmo que depois nos falem de coisas de que nos devemos orgulhar. Falem do resto também.