Pesquisar neste blogue

sábado, 8 de março de 2008

Mais uma vez as cheias

As cheias em Moçambique são uma tragédia cíclica. Demasiado frequente para que aquelas populações, já na mais profunda probreza, possam, ano após ano, perder a casa de colmo e a "machamba" com alguns alimentos de sobrevivência. Nada resta. E ao nada, acrescenta-se a desolação, o sofrimento e as doenças.
Não é possível esta incompatibilidade entre a natureza e o humano, algo falha no planeamento (se é que existe) e na ajuda a estas pessoas (sempre de emergência). Tem de ser possível encontrar outras respostas que actuem nas causas dos problemas. Não se pode imaginar que não voltará a chover e que o rio não voltará a transbordar.

terça-feira, 4 de março de 2008

Liberdade, para os prisioneiros políticos

Ingrid Betancourt tinha um sonho para o seu país. Sonhou ser presidente da Colômbia e dar o melhor de si ao povo, mas, maldição, acabou prisioneira das FARC. Há seis anos sequestrada, minada pela doença, esta mulher forte desmorona fisíca e psicologicamente. Se nada for feito, o fim está próximo, segundo algumas notícias. Aquela carta que escreveu à mãe ecoa na minha mente, como ecoam os apelos dos filhos, etc., não é possível ficar insensível. Apesar de se multiplicarem os apelos e as movimentações diplomáticas, ao mais alto nível, ela continua sequestrada, embora nos últimos meses alguns prisioneiros tenham sido libertados.
Qual é o preço para Ingrid Betancourt? Quem são os que querem tirar dividendos? Por que não é possível a sua libertação? Assistimos, sem saber .

domingo, 2 de março de 2008

A escola é a maior oportunidade

Os meninos que a SIC mostrou, em 1998, pedindo esmola nas ruas do Funchal, são hoje jovens adultos. Aparentemente, só um está bem, dá a cara, fala de si, do futuro. A mãe morreu nesse mesmo ano, e o avô foi buscá-los, a ele e à irmã. Voltou à escola, começou a trabalhar, tem uma vida normal. Um outro jovem fala, sem mostrar a cara, duma vida de problemas, e os outros dois não aparecem na reportagem: estão perdidos na vida, por causa da droga e da desorientação, um dormindo numa qualquer rua de Londres e o outro preso numa prisão da Madeira.
O bairro onde viviam foi demolido, as famílias realojadas, mas todos os problemas sociais foram atrás. Triste destino, nascer e viver em certos bairros, não ver a luz mesmo que o sol brilhe e se abram todas as janelas! Se o jovem que saiu do bairro e foi viver com o avô tivesse ficado no Funchal, a pedir esmola para o padrasto, teria tido, seguramente, o mesmo destino. É difícil, muito difícil, remar contra a maré.

sábado, 1 de março de 2008

Desespero ou maldade

Aconteceu um horrível crime, no Catujal-Loures: um filho, 40 anos, matou os pais e suicidou-se a seguir. Por mais razões que se possam aduzir, não há razões, nenhuma explicação é aceitável.

Mas, então, por que acontecem casos destes? Talvez, por um incontrolável desespero psicológico e mental, ou por um incontrolável afloramento de algo, vindo do lugar mais recôndito de nós mesmos, algo que desconhecemos, que julgamos impossível ter, mas que actos destes, cometidos por pessoas aparentemente normais, nos levam a questionar: que sabemos nós da natureza humana? Que sabemos nós da maldade que nós habita? Perturbador, não!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

"As crianças, Senhor..."

Soube-se há três ou quatro dias que em Portugal 20% das crianças são pobres, uma em cada cinco. Pronunciaram-se uns e outros, políticos, sindicalistas, pessoas ligadas à igreja e a ONG'S, e ninguém mostra surpresa, todos sabiam. Pergunta-se: e, então, por que chegámos a esta situação vergonhosa? Mais ainda, quando grande parte desta pobreza , que é a pobreza das famílias, resulta de rendimentos do trabalho, não apenas do desemprego. Alguma coisa está mal, muito mal, quando as pessoas, apesar de trabalharem oito ou mais horas por dia não ganham para viver condignamente e cuidar como é necessário das suas crianças. Todos sabiam, mas nem todos têm as mesmas responsabilidades, uns podem fazer muito mais e outros fazem tudo o que podem.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Ganhei o dia!

Ontem, encontrei num grande centro comercial uma rapariga que vendia numa loja, onde eu estava procurando algo.
- Desculpe, a senhora não é professora?
- Sou.
- Foi minha professora no 10º ano, há muito anos, na secundária do Lumiar. Está igual, lembro-me de si como se fosse hoje.
- Como é possível se já vão lá mais de 15 anos?
A conversa prolongou-se por uns instantes. Claro que eu não me lembrava dela, quantos alunos já tive nestes anos todos! Mas fiquei feliz, não sei bem porquê ou talvez saiba: é bom pensar que aqui e ali podemos ter deixado alguma marca.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Sair e ficar, tudo na mesma

Fidel Castro deixa o poder, depois de 49 anos. É muito tempo, demasiado tempo, para viver sem liberdade, sem esperança, assistindo ao desfazer de todos os sonhos. Fica o quê? Um povo à espera, uma democracia adiada, miséria, muita miséria, e a mesma retórica de sempre. Não é crível que muita coisa mude, não parece possível que possa mudar, mas a inevitabilidade da mudança chegará um dia, o que é pena é que seja necessário que morram os principais mandantes, mas claro, não estamos à espera que nenhum ditador se regenere.