Sou o Paulo, sou um artista

Encontrei-o, ao final da manhã, na marginal de Maputo, junto ao cais onde se apanha o barco para Catembe. Segurava, numa das mãos, um conjunto de telas e tentava vender-me uma (ou as que pudesse, claro está). Diz-me: - Olá, senhora, veja as minhas pinturas, sou eu que pinto, sou um artista! - Sim, mas agora não tenho tempo, não quero comprar, não quero. E continuo, apressando o passo. - Fico à sua espera, quero mostrar-lhe o meu trabalho - diz-me. E ficou. Primeiro, era só para que eu visse as telas, mas depois usou todos os argumentos e mais um, insistindo sempre, mas sem ser, em nenhum momento, desrespeitoso ou incomodativo; pelo contrário, havia nos olhos de Paulo, uma bondade que me chegava, e depois era encantador a forma como falava da sua vida e da sua sensibilidade de artista. Estava convencida que era um artista, na assinatura lá estavam as iniciais do seu nome. Escolhi uma das telas, e comprei-a. - Vou fazer um quadro e, quando o olhar, pensarei: onde estará o Paulo, o jovem artista moçambicano que, num dia de Novembro de 2010, encontrei na marginal de Maputo? Talvez seja agora um artista famoso, espero que sim" - digo-lhe.

A banalidade do mal em Hannah Arendt

Divulgo um artigo meu, que saiu numa revista de Filosofia, da Universidade Estadual do Ceará, Brasil, para o caso de haver alguém interessado pelo tema. https://revistas.uece.br/index.php/revistapolymatheia/article/view/13024/11995 https://www.blogger.com/blog/post/edit/8904766843616570178/7654145348168383736

A pobreza no mundo

O passado dia 17 de outubro, foi o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza. Para as Nações Unidas são pobres, todos os que vivem com menos de 2,15 dólares por dia. Estima-se que até o final de 2022, 8,4% da população global, 670 milhões de pessoas, vivia nessa situação. As projeções, para 2030, indicam uma redução pouco acentuada, haverá 7% da população global, 575 milhões de pessoas, ainda, a viver na pobreza. Erradicar a pobreza, implica integrar e assegurar todos os aspetos: rendimentos, alimentação, habitação, educação, saúde, trabalho, segurança, participação na vida social e comunitária, crenças culturais e religiosas… A falta de alimentação em muitas regiões do mundo (Foto: site da ONU)

Em tempos de trevas ...

Disse o poder, ao mundo: - És meu! E o mundo, fê-lo prisioneiro no seu trono. Disse o amor, ao mundo: - Sou teu! E o mundo, deixou-lhe livre toda a casa. Aforismos de Tagore (poeta indiano) (Aí está, nada aprisiona mais do que o poder, mesmo que os poderosos vivam na ilusão do contrário. Só o amor liberta, porque nada exige).

Já estive na América” - diz-me a senhora

Cheguei muito cedo à estação do porto do Pico. Queria apanhar o primeiro barco do dia. A sala de espera estava deserta; passado algum tempo, chegou uma senhora com mais de meia cesta de ovos, empilhados uns em cima dos outros, como antigamente se fazia. - Vai ao médico – pergunta-me? Percebi que eu podia ser dali. Na verdade, nesta ilha, a pronuncia não é acentuada. - Não, estou a passear, vou passar o dia ao Faial. -Ah! Não é daqui! Achei estranho, não a ter visto antes. - Sou da Guarda, não longe da serra da Estrela, a segunda montanha mais alta de Portugal, a seguir ao Pico. - Nunca fui ao continente. Mas já estive na América, tenho dois filhos na América. Não refere a cidade, nem o Estado, diz na América, como se se tratasse duma coisa única, duma identidade. E tem razão, quando um acoriano fala da "América, ficamos a saber tudo. Sabemos do que fala! O porto da Madalena, na ilha do Pico

Estima, cuidado, compaixão...

Quem não tem capacidade de estima, cuidado e compaixão, não têm capacidade de sentir as injustiças, de criar vínculos e de um envolvimento que ultrapasse os direitos e as obrigações formais e inclua a dimensão da gratuidade. . Esta perspetiva da cidadania, inclui, para além da razão, os sentimentos. Isso faz toda a diferença! Unamos as mãos! (Foto:CEBI)

Os massacres israelitas

Não podemos deixar de escrever, sobre o que continua a passar-se, em Gaza. Mais de 40 mil mortos, dois terços deste número mulheres e crianças. Com o pretexto de eliminar os terroristas, eliminam o povo palestiniano – de forma intencional, sistemática, com um nível de destruição e sofrimento humano que já não julgávamos possível. Isto é u genocídio.