Não sei se a mãe que matou as filhas, dezanove meses e quatro
anos, atirando-as ao mar, é ou não uma doente psiquiátrica. Não sei se ela
queria ou não suicidar-se a seguir, acredito que sim, que é uma doente e que
pretendia morrer com as filhas que acabava de matar. Mas não morreu, foi salva.
Não se pode entender de outro modo o que se passou; só admitindo
que não tinha consciência do que fazia, podemos lidar com a ideia de que não se
trata de um monstro, mas de alguém a quem a má sorte ou o que seja colocou numa
situação em que ninguém pôde ajudar, falo das famílias, das instituições de
apoio à vítima, dos hospitais, das Comissões de Proteção de Menores, de todos os
lados onde bateu à porta e não viram a gravidade da situação.
Obviamente que não sabemos toda a verdade sobre o que se passou. Não sabemos se o pai é ou não agressor, se o pai é ou não também uma vítima do estado
mental da senhora. O que sabemos é que a morte das duas meninas não era
inevitável, não sofriam de doença terminal, não sofreram um acidente, foram
mortas pela mãe, numa escalada de desespero e talvez doença que ninguém avaliou
suficientemente. Esperamos que as instituições respondam, mas o que se vê, infelizmente, vezes repetidas, é a incapacidade de lidar com estes casos, perdidas que estão em relatórios, burocracias e formalismos.
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