- Já é Lisboa?
- Não, é Santarém
- Falta muito
para Lisboa?
- Mais ou menos
100km. Nunca veio a Lisboa?
- Não, não
conheço.
Assim começou
um diálogo muito interessante, até à estação do Oriente, com o jovem sentado a
meu lado que vinha do festival da Idanha, que entendi ser de correntes
alternativas de vida.
É claro nele um
estilo de vida alternativo, mas há uma delicadeza nos gestos e um sorriso e uma
gargalhada que criam empatia e proximidade.
Contesta a
sociedade contemporânea, as suas instituições e os seus sistemas económicos e
políticos; fala-me de liberdade, de paz, de justiça, de amor, da comunhão com a
natureza…
Interesso-me. Quantas
vezes já ouvi e li sobre utopias? Muitas.
Mas esta é uma
utopia que tem um desprendimento e uma distância encantatórias; não parece existir urgência, é a crença de que
a mudança é inevitável, pela tomada de consciência de que não podemos seguir
como estamos.
Fala-me da
namorada espanhola que ainda não conseguiu fazer a opção e como compreende isso.
Tento ver se há
uma racionalidade ou apenas uma crença inconsequente. Tem um discurso
estruturado, convicto, é culto, tem um curso superior, é professor, trabalhou
num banco…, ou seja, não é um marginalizado, mesmo que tenha escolhido como
tantos outros viver numa margem que acredita possa ser um caminho futuro.
Fiquei curiosa, estou tão instalada na minha vidinha que não deixo que me
surpreendam com facilidade, e este jovem conseguiu.
Um abraço para
ele, lá onde estiver organizando ou participando em mais um festival.
Sem comentários:
Enviar um comentário