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terça-feira, 9 de setembro de 2014

O jovem argentino que vinha do festival da Idanha

- Já é Lisboa?
- Não, é Santarém
- Falta muito para Lisboa?
- Mais ou menos 100km. Nunca veio a Lisboa?
- Não, não conheço.
Assim começou um diálogo muito interessante, até à estação do Oriente, com o jovem sentado a meu lado que vinha do festival da Idanha, que entendi ser de correntes alternativas de vida.
É claro nele um estilo de vida alternativo, mas há uma delicadeza nos gestos e um sorriso e uma gargalhada que criam empatia e proximidade.
Contesta a sociedade contemporânea, as suas instituições e os seus sistemas económicos e políticos; fala-me de liberdade, de paz, de justiça, de amor, da comunhão com a natureza…
Interesso-me. Quantas vezes já ouvi e li sobre utopias? Muitas.
Mas esta é uma utopia que tem um desprendimento e uma distância encantatórias;  não parece existir urgência, é a crença de que a mudança é inevitável, pela tomada de consciência de que não podemos seguir como estamos.
Fala-me da namorada espanhola que ainda não conseguiu fazer a opção e como compreende isso.  
Tento ver se há uma racionalidade ou apenas uma crença inconsequente. Tem um discurso estruturado, convicto, é culto, tem um curso superior, é professor, trabalhou num banco…, ou seja, não é um marginalizado, mesmo que tenha escolhido como tantos outros viver numa margem que acredita possa ser um caminho futuro. Fiquei curiosa, estou tão instalada na minha vidinha que não deixo que me surpreendam com facilidade, e este jovem conseguiu.
Um abraço para ele, lá onde estiver organizando ou participando em mais um festival.