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terça-feira, 8 de março de 2011
Líbia, continua o delírio
Então não é que o Coronel quer reunir com a oposição, no Parlamento, para uma saída negociada! E enquanto isso manda bombardear as cidades. Quer garantias, para si e para a sua família, de que nada de mal lhes vai acontecer. É irónico, no mínimo!
sexta-feira, 4 de março de 2011
Escravatura (3)
Reduzido a força de trabalho, qual animal de carga, sem nenhum direito, comprado e vendido, como mercadoria, explorado até ao limite das suas forças, peça de uma engrenagem infame que reduz homens a escravos, sentia que não podia fraquejar. Não tinha escolha: só a revolta. Sairia disto, tinha a certeza, pois, ao contrário da mãe não se sentia escravo por dentro, tinha forças para lutar. Não era escravo, fizeram-no escravo, sem direitos, sem documentos, sem reconhecimento... Pensava: “Um dia, mesmo que demore muito, haverá uma luz; segui-la-ei, com todos os companheiros da senzala, o portão não voltará a fechar-se e poderei, enfim, decidir da minha própria vida".
quarta-feira, 2 de março de 2011
A escravatura (2)
Ouvia, vezes sem conta: “não podes fazer, não podes sentir, não podes imaginar…”, mas que vida era esta que a própria mãe lhe impunha como destino, como se nada houvesse a fazer. Crescer com a ideia de que tudo é impossibilidade, perturba até os sonhos; sempre nos seus sonhos aparecia uma portão, um capitão do mato, um estrada sem saída, um labirinto que acabava num palmeiral, onde, por entre os ramos, o sol sempre se escondia. Por que seria sempre pôr do sol? Por que se fechava o portão? Por que terminava a estrada? Pesadelos da noite que a dura realidade do amanhecer tornava reais, sempre a mesma senzala, sem nada, que não fosse a voz do feitor, um naco de pão, uma enxada, um trilho para caminhar até à roça e o mesmo trabalho forçado. Trabalhar, trabalhar, horas e horas, quantas mais melhor, dependeria da época do ano, mas sempre muitas, claro.
terça-feira, 1 de março de 2011
A escravatura (1)
Tinha sentimentos e sonhos de gente, mas não podia ser gente. Não o consideravam como tal. Tinha vontade, razão, ideias, desejos..., mas não tinha a liberdade de fazer fosse o que fosse. Vivia aprisionado e a prisão não estava apenas em não poder sair pelo portão da fazenda, em não poder saltar os muros da roça, em não poder atravessar o rio para o lado de lá. A liberdade não estava em lado nenhum. Sabia-o e por isso ficava ali, incapaz de decidir o que fosse sobre a sua própria vida.
Questionava se poderia viver naquela tempestade interior toda a sua vida? E a resposta era invariavelmente a mesma: impossível, resistir. Tinha de encontrar uma saída, antes que lhe aprisionassem também a alma. A liberdade era uma voz interior que não podia calar, embora, quando a raiva apertava mais, fizesse de tudo para silenciar esse desejo de ser livre. Fazia-o para sobreviver.
Questionava se poderia viver naquela tempestade interior toda a sua vida? E a resposta era invariavelmente a mesma: impossível, resistir. Tinha de encontrar uma saída, antes que lhe aprisionassem também a alma. A liberdade era uma voz interior que não podia calar, embora, quando a raiva apertava mais, fizesse de tudo para silenciar esse desejo de ser livre. Fazia-o para sobreviver.
domingo, 27 de fevereiro de 2011
A liberdade
O que se passa no mundo árabe por estes dias é bem elucidativo do valor da liberdade. Faz parte intrínseca do ser humano, ser livre. Temos naturalmente a capacidade de pensar, de ter iniciativas, de fazer projectos, escolhas e decisões, por nós proprios, sem a necessidade de "iluminados" a apontarem-nos o caminho. Se assim não fosse, porque precisariam os ditadores de negar as liberdades individuais, reprimindo, controlando, proibindo...? Não precisavam. Mas chega um dia, sobretudo quando as sociedades evoluem a nível de conhecimentos, que a revolta se torna inevitável e a exigência de liberdade é o primeiro dos direitos a ser reivindicado. Não precisamos de donos.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Kadafi, maldade ou loucura?
Aquela 1ª declaração de Kadafi, dentro de um automóvel, com um chapéu de chuva aberto, à chuva, é surreal. Mas a segunda, frente ao palácio bombardeado nos anos oitenta pelos americanos é ainda pior. Parece louco, está louco. Pergunto: aquele povo pode estar sujeito a isto? A comunidade internacional pode estar sujueta a isto? Não há nenhuma dúvida de que ele vai massacrar até ao fim, morra quem morrer, ninguém está a salvo, espero que o resgate de estrangeiros não tenha problemas graves, já se viu que o grande líder está disposto a tudo. Grande líder de quê? Dos infernos, talvez!
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Líbia, será o fim daquele regime?
A Europa reune, está atenta, mostra preocupações, divide-se entre a estratégia e os interesses com Kadafi e a defesa intransigente da democracia e dos direitos humanos. O mesmo na América, Clinton mais diplomata, Obama mais direitos, mais liberdades... Todos tememos o pior, haverá um alto preço a pagar, mas era tão importante que a revolução ganhasse, que os ditadores, todos os ditadores, desde os que se julgam mais ou menos deuses, aos que se julgam indispensáveis, duma vez por todas, deixassem o povo determinar o seu futuro!
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