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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
A loja solidária
Mais ou menos por todo o lado, aparecem lojas com uma função fundamentalmente solidária, a de ajudar os que precisam neste tempo de crise e de desastre social em que, todos os dias, damos mais um passo para o abismo. Os que podem contar com os produtos, a um custo simbólico ou gratuitos, têm oportunidade de aliviar, por algum tempo, o desespero em que vivem, mas só por algum tempo. As respostas sociais não podem ser de remedeio, têm de ter sustentabilidade. Estamos a caminhar, há anos, muitos anos, numa direcção que vai deixar marcas profundas, basta pensar no desemprego, nomeadamente o dos jovens, que ascende a 22 %, tenho entendido, na sua maioria jovens muito qualificados... Haverá pior sinal?
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direito ao trabalho; desemprego
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Pena de morte ou quase, mais um engano
Acaba de se saber que um cidadão americano esteve trinta anos preso, numa cadeia doTexas, acusado por roubo e violação, crime que não cometeu. Sempre se disse inocente, mas o seu caso não foi reavaliado, até que uma organização a trabalhar nesta área conseguiu a reabertura do processo e a sua absolvição, depois de testes de ADN. O grave desta história é a condenação de inocentes, deste homem e de outros. Já parámos para pensar o tremendo que é cumprir uma pena destas (sessenta e cinco anos, parece-me), quão devastador é para ele e sua família (e devia também sê-lo para toda a sociedade) deixar que coisas destas aconteçam? Há outros argumentos, mas a possibilidade de condenar inocentes, devia chegar para que, de uma vez por todas, se acabasse com a pena de morte nos Estados Unidos e em todos os lugares do mundo onde ainda existe.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
A cólera, no Haiti
O Haiti saiu da agenda mediática, mas a premência da ajuda humanitária e dos planos de reconstrução continuam, sem aparente fim à vista. Para complicar e aumentar todas as dificuldades, desde meados de Outubro que a cólera grassou em grande escala, mais de mil mortos, muitos milhares de doentes, hospitais a abarrotar, condições deficientes e limitadas para enfrentar como deveria ser o problema. Uma desgraça nunca vem só, no caso do Haiti, não pode ser mais verdade.
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
“Esta tarde vou trançar”
A cabeça das meninas parece uma obra de arte, tais os feitios e os modos de trançarem os cabelos. Passam horas a fazer aquelas trancinhas pequeninas, tantas que parecem não acabar nunca. Umas ficam coladinhas à cabeça formando linhas, umas vezes paralelas, outras vezes curvas, ou uma espécie de figuras. Outras vezes, fazem tranças soltas, traçando com a ajuda de um fio ou de um cabelo sintéctico próprio. São muitas as maneiras de trançar, quase como a sua imaginação.
Trançar exige saber, paciência, disponibilidade e amizade. São as amigas que trançam às amigas, quem não tem amigas disponíveis fica dias com a toalha enrolada à cabeça à espera que alguém queira trançar os seus cabelos.
Disse a uma menina: - Tantas trancinhas! São mais de cem!
- Não, nem chegam a cinquenta.
- Sou uma exagerada! Levaste toda a tarde?
- Quase toda. Gosta? Não gosto do meu cabelo sem ser trançado.
- Gosto. Estás muito bonita.
Trançar exige saber, paciência, disponibilidade e amizade. São as amigas que trançam às amigas, quem não tem amigas disponíveis fica dias com a toalha enrolada à cabeça à espera que alguém queira trançar os seus cabelos.
Disse a uma menina: - Tantas trancinhas! São mais de cem!
- Não, nem chegam a cinquenta.
- Sou uma exagerada! Levaste toda a tarde?
- Quase toda. Gosta? Não gosto do meu cabelo sem ser trançado.
- Gosto. Estás muito bonita.
domingo, 2 de janeiro de 2011
"Parece a água do Bilene"
“Parece a água do Bilene” – disse por várias vezes, ao longo daquele dia. Antes, na praia do Tofo e depois, no final da tarde, molhando os pés junto a um dos locais de banho na baía de Inhambanhe. Por que veria ela naquele mar a água do Bilene?
- Bilene é a minha terra - disse-me.
Ah! Então, estava tudo explicado. Haveria lá águas mais azuis, mais calmas, mais limpas e melhores que as águas do Bilene? Não havia. Não podia haver!
Nunca, ou quase nunca, estamos completamente no sítio onde estamos, sempre nos povoam pensamentos, lembranças, recordações e afectos…, e são esses que nos adoçam ou amargam o dia. Aquela jovem teve um dia doce e feliz, "viajando" pelo Bilene. Molhou os pés, olhou demoradamente as crianças e os jovens que tomavam banho, nadavam ou davam mergulhos. Era visível, nos seus gestos e expressões, a vontade imensa de entrar na água. Não entrou, porque não era altura nem hora, mas "esteve" na sua terra, na sua praia, no mar do Bilene. E isso foi muito.
- Bilene é a minha terra - disse-me.
Ah! Então, estava tudo explicado. Haveria lá águas mais azuis, mais calmas, mais limpas e melhores que as águas do Bilene? Não havia. Não podia haver!
Nunca, ou quase nunca, estamos completamente no sítio onde estamos, sempre nos povoam pensamentos, lembranças, recordações e afectos…, e são esses que nos adoçam ou amargam o dia. Aquela jovem teve um dia doce e feliz, "viajando" pelo Bilene. Molhou os pés, olhou demoradamente as crianças e os jovens que tomavam banho, nadavam ou davam mergulhos. Era visível, nos seus gestos e expressões, a vontade imensa de entrar na água. Não entrou, porque não era altura nem hora, mas "esteve" na sua terra, na sua praia, no mar do Bilene. E isso foi muito.
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Moçambique; pessoas; sentimentos
sábado, 1 de janeiro de 2011
Ano Novo
"Ano novo, vida nova", é uma frase comum, mas não gasta. A importância do novo, do não dito, do não vivido, do não percepcionado, é decisivo na vida de todos. A novidade convoca a nossa capacidade de nos deixarmos surpreender, maravilhar; a capacidade de escutar, abrir a alma, deixando cair máscaras e teias que nos enredam e nos perturbam demasiado.
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Lévinas
Quero aqui falar do autor que mais li durante este ano, como vem sendo habitual já há algum tempo: Emmanuel Lévinas. Descobrir Lévinas tornou-me outra pessoa, há coisas que só percebi a partir de Lévinas. Há um sentido profundo a que Lévinas nos conduz que para mim tem sido essencial. Tenho muitos livros dele, mas volto sempre a “Totalidade e Infinito”, a ideia de infinito e o modo como o conceptualiza é decisivo para perceber a sua filosofia.
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