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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Casas à venda (6)

Algumas das casas novas (agora, menos novas, mas quase nunca usadas) há muito que deixaram de ser abertas. Quem as construiu, quem fez o poço, plantou as árvores, arranjou os canteiros do jardim e a horta, já não está. Os que ficaram já não se sentem daqui, pelo menos não o suficiente para manterem essa ligação muito ténue e frágil que só existia por causa dos pais.Muitos já deixaram e outros deixarão de vir, cada mês de Agosto. Querem, quase com um sentimento de urgência, desfazer-se, a qualquer preço, do que aqui têm, pôr à venda pelo que seja, desfazer todos os laços, colocar um ponto final. Nada os identifica, nada os prende, querem ficar livres de obrigações, de contas certas para pagar de água, luz, impostos….Vender é a opção que vêem como mais vantajosa. Mas, nem sempre têm a noção dos preços, julgam que tudo é muito desvalorizado, não dão o devido valor, vendem às vezes por um preço irrisório. Há mesmo casos, em que é tal o desprendimento que vendem as casas com tudo o que têm dentro, as mobílias, a loiça e até os objectos pessoais. Não deixa de ser estranho. Remexidos os móveis, a casa será de novo habitada, ganhará de novo vida, outra alma, será alegre, triste ou bem-disposta, à imagem do novo morador, mas guardará para sempre nos seus segredos a memória boa de quem, com tanto entusiasmo, carinho, luta e em muitos casos sacrifícios a desejou, planeou, construiu e habitou nem que fosse por curtos períodos de férias. A casa já não é a mesma casa. Foi assim que teve de ser, dizem. Se calhar, sim.

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