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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Aminetu Haidar, mulher saraui

Num texto muito bonito, em que fala sobre a sua experiência num campo de trabalhos forçados da Alemanha nazi, Lévinas conta como a sua vida e a dos seus companheiros, integrando um comando florestal de prisioneiros israelitas, era uma espécie de parênteses. Pois, apesar de continuarem a sentir interiormente "um múrmúrio da sua essência racional", apesar de terem pensamento e vocabulário, eram seres sem linguagem. Seres encerrados em si mesmos, condenados a “significantes sem significado”. Para as pessoas ditas livres, com quem se cruzavam, de quem recebiam ordens ou mesmo um sorriso, não passavam de seres quase humanos. Em circunstâncias de perseguição, tortura, humilhação, em que a autonomia, a liberdade, se suspende, apesar da vida continuar e de, em muitos aspectos, continuar na mesma, nada é igual.
A propósito, penso na activista saraui que tem resistido a ser um ser sem linguagem. Veremos a que preço. Continua retida, no aeroporto de Lanzarote, em greve de fome, desde de 15 de Novembro, impedida de regressar ao Saara Ocidental pelas autoridades marroquinas.

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