A cena em que queimam a roupa e tomam
a atitude de voltar ao velho tear é bem significativa do que pode acontecer à
economia britânica. É o primeiro a fazê-lo, a imagem parece irreal, quase do
princípio dos séculos, mas o que importa são as consequências. O mesmo com o
sal, deixar de comprar o sal, vendido pelos britânicos, e começar a fabricar o
próprio sal.
Mas, nem todos os que o seguem,
pensam o mesmo. Há os que entendem que é preciso agir pela força, que a não-violência,
a não-cooperação, não leva a lado nenhum. Gandhi entende que não se trata de
uma resistência passiva, e tem razão; desgastou de tal modo o poder britânico
que, em agosto de 1947, se organizou, em Londres, uma conferência sobre a independência
da Índia.
Gandhi está presente, defende a ideia de uma Índia unida, entre
muçulmanos, hindus, judeus, siques, cristãos …; uma Índia de todos, a mesma
ideia de comunidade, de ashram, onde todos fossem e se sentissem iguais. Mas, a dimensão da Índia é incomparável à comunidade que fundou na África do
Sul, não param as lutas entre os indianos e, quando se dá a transferência do
poder, a ideia de uma Índia unida, é já impossível. O Paquistão separa-se. A
Índia para os hindus e o Paquistão para os muçulmanos; afinal, o argumento
religioso, usado pelos britânicos, estava presente e era determinante.