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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Idosos

Saiam do hospital, da consulta externa de cardiologia. Tinham ambos oitenta e muitos anos, usavam bengala, cada um apoiando-se nela, ao mesmo tempo que se apoiavam um ao outro com o braço livre. Não era fácil ver quem apoiava quem, tal era a fragilidade dos dois. Esperavam um táxi, naquele dia chuvoso de início de Setembro. Quando o táxi chegou, tiveram de descer cinco ou seis escadas, o que parecia algo impossível; a dificuldade dela em mexer os pés, em começar a andar, impressionava; ele atento, a querer ajudar, sem poder, que afinal era quem mais precisava de ajuda, foi ela que o apoiou, deu-lhe a mão e desceram. Entretanto, o motorista, já fora do carro, ajudou-os a entrar. Partiram, espera-os, à chegada a casa, o mesmo esforço, a mesma dificuldade, a mesma preocupação, preocupação de um pelo outro, disso tenho a certeza. Não sei se estas pessoas são já vítimas dos cortes no transporte de doentes às consultas, talvez sejam, é certo que, se fossem numa ambulância, teriam outro apoio e outro conforto. Sempre foi difícil ser velho, mas temo que seja cada vez pior.










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