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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Carmelo, clausura

Num programa sobre a felicidade ou, talvez, melhor, sobre o sentir-se feliz, entra na reportagem uma carmelita jovem que, depois da licenciatura, quando, aparentemente, o seu rumo iria num certo sentido, resolve entrar para o Carmelo. “Aqui, no Carmelo, vivemos muito a consciência da comunidade. Foi Jesus que nos chamou, foi Ele que nos escolheu, é um processo de adaptação à vida de oração e de amizade com Deus. Pelo amor chegamos a qualquer parte do mundo, o amor é eterno, difunde-se" . Bonitas, estas palavras! E continua: "Às vezes, vê-se uma certa inutilidade, aqui escondidas com Deus, numa total gratuidade, uma vida escondida, numa totalidade, sem limites..., queria poder dar-me sem estar à espera de ver os frutos, dar-me sem recompensas, quando nos entregamos sem limites, na intimidade com Jesus, nada fica longe, tudo é perto. Há um enamoramento na oração “a oração enamorada”, como o poema de São João da Cruz, porque Cristo é tudo para mim, em Jesus Cristo, não há longe, não há distância". 
Fico a pensar: quantos quererão fugir, tal como esta jovem freira, da fragmentação e do relativismo que nos invade por todos os lados? Muitos, com toda a certeza, mas poucos "são chamados".  Por que são tão pouco os eleitos? Por que entendemos tão pouco de um discurso como este?

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Vida, frágil equilíbrio

Há muito tempo que não a via. Combinámos um café, numa quinta-feira, às três da tarde. "Não estou bem, disse-me. Vivo sempre enfronhada no interior de mim mesma como se não fosse possível abrir janelas e deixar entrar a luz do quotidiano, embora seja rotina, decadência e repetição. Questiono-me, até ao âmago, sobre questões absolutamente supérfluas e embrenhadas que não servem para nada, nada mesmo, e me trazem, em vez de serenidade, agitação, angústia e, às vezes, até raiva, raiva de um mundo que cada vez mais de se separa do essencial.
Por que não fico parada, ausente, ouvindo uma música, contemplando um quadro, lendo um livro, deixando-me levar pelos sentidos, criando sentimentos, explorando emoções, sem necessidade de qualquer justificação, de qualquer organização racional, entregue ao sentir, ao que invade e toca a minha sensibilidade? Por que vivo sempre procurando formas, enquadramentos, limites, dimensões? Não lido bem com a desproporção, o sem limite, o não controlável, sempre estou criando balizas, tapando frestas, evitando pontos de fuga, rupturas".

Enquanto a oiço, penso: viver é tarefa para equilibristas, para equilibrar o caos e a ordem, o amor e o ódio, os deuses e os demónios, o ter e o perder, o riso e o choro...; viver é fragilidade e permanente contingência.

sábado, 17 de abril de 2010

Sofrimento, serve para alguma coisa?

Acabo de falar, menos de dez minutos, com uma pessoa e foram incontáveis as vezes que lhe ouvi a palavra sofrimento e a palavra medo. Não está doente, ou estará, já não sei. O que sei é que todo o sofrimento é inútil, e, no entanto, é algo omnipresente nas nossas vidas, seja físico, psicológico ou ambas as coisas. O sofrimento fragiliza, atormenta, amedronta, paralisa..., deixa-nos por isso mais atreitos a novos reveses, a novos medos e a novos sofrimentos, numa escalada que às vezes parece sem retorno. Ronda a depressão e tudo o mais.
Digo isto, mas sei bem da carga religiosa e cultural que tem o sofrimento, parece que nos querem fazer crer que é algo que enobrece, nos torna mais fortes, mais dignos de nós. Enaltece-se o sofrimento, o martírio, o calvário… Falam de quê ou de quem?