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terça-feira, 18 de março de 2014

Ucrânia, mais do que uma crise

Ucrânia, mais do que uma crise

Ainda não consegui escrever nada sobre a Ucrânia e aquela praça da independência, onde muitos morreram às ordens do ditador (mais de cem pessoas), outros ficaram feridos e outros vagueiam perdidos de si mesmos, incrédulos com o que se passou e se avizinha. Praça, onde, ainda assim, há qualquer coisa de profundamente humano: a proximidade com o outro. O médico que chega para tratar quem precisa, a psicóloga que montou um lugar de consulta para ouvir quem já não aguenta o desespero, enfim, um sem número de pessoas solidárias, disponíveis, para tornar menos dura uma realidade de situações extremas.
Mas, depois, vêm falar-nos de política e, logo, parece que a tal humanidade falha num qualquer ponto, agora, o atender o outro, o dar a mão, o abrir a porta, o dividir o abrigo… parecem uma quase impossibilidade; interesses particulares se impõem, há diferentes grupos e diferentes agendas, que vão da extrema-direita, a partidos democráticos, a grupos mais desorganizados. Um caldo político que não augura saídas fáceis, ainda que as instituições continuem aparentemente a funcionar, sem quebras institucionais nem legais (há quem diga que houve quebras); há um governo de transição que fará o que puder para que a eleições, já marcadas para maio, tragam uma nova luz e uma nova esperança.
Enquanto isto, que já era muito, a Rússia, que não reconhece as novas autoridades de Kiev, avança para a Crimeia, com um desplante e uma força, que o mundo pasma. Mas desta vez, parece que todos estavam acordados, Estados Unidos, União Europeia, ONU…, e a Rússia saberá que vai pagar pela violação do direito internacional e pelos desmandos desnecessários e incompreensíveis.
Uma vez mais se prova que nunca estamos a salvo, quando pensávamos que crises desta natureza se resolveriam sentados a uma mesa, o que primeiro se exibe são os tanques militares.


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