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domingo, 22 de junho de 2008

O regresso de refugiados

Há dois dias, a 20 de Junho, comemorou-se o dia Internacional do Refugiado, mais de 30 milhões em todo o mundo. Por perseguições religiosas, políticas ou étnicas, devido a conflitos armados, muitas pessoas fogem das suas terras, do seu país, para encontrarem segurança em países vizinhos. Há uma Convenção Internacional (1951) e um Alto Comissariado (ACNUR) que define o seu estatuto e os apoia. Quando os conflitos terminam muitos regressam ao país de origem, com alguma ajuda para iniciar de novo a sua vida. Mas todos trazem a ideia da aldeia, da estrada, dos campos, da casa, do poço, da horta, que deixaram. O pior é quando ela já não existe, ou já não se reconhece ou já não se pode fazer prova da sua posse. Uma refugiada do Burundi, dez anos em campos de refugiados na Tanzânia, sem ninguém para a receber, conta a sua história ao funcionário do governo, quando descem da carrinha do ACNUR:
- O senhor não me está a compreender. Eu não tenho familiares nesta zona, mas sou daqui, os meus pais e os meus sogros tinham terras aqui, mas não sei onde elas ficam. Eu quero ficar nas terras dos meus sogros, sou viúva, tenho oito filhos. Morreram todos os meus familiares. Não há ninguém para me receber, compreende o senhor! Mas sou daqui.
- Tem de esperar, espere aí, tenho de saber...
É assim a vida para muitos dos que voltam, uma vez mais no fim da fila, à espera. Porventura, de nada.

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