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domingo, 28 de abril de 2019

Carta de Zeca Afonso à filha Joana


(Talvez, eu já tenha divulgado, aqui,  este texto. Não recordo. A emoção que nos provoca é do mais belo que há). 

“Querida Joana

Como sabes eu estou preso mas também não sou um homem mau. Viste como foi. Não sejas rabugenta e ajuda o Pedro. Se ele estiver birrento lembra-te que ainda é bebé e tu mais crescida que ele. O que não gosto é que sejas egoísta porque é muito feio. Se alguma das tuas amigas querem tudo para elas deixa lá. Elas fazem mal mas tu não. Explica-lhes que não devem ser egoístas. Tem cuidado com os sugos e outras porcarias iguais porque podes ficar sem dentes. Depois mesmo que os queiras ter já ninguém te os pode pôr.
Ficas como os velhinhos. Alguns deles tinham a mania de comer guloseimas, gelados e caramelos. E também chocolates. Eu lembro-me muito de ti e do Pedro. O Zé ainda não cortou as barbas? Diz à Lena que eu não gosto que ela seja desarrumada. Todos têm que ajudar a mãe e a Dina.

Muitos beijos do
Zeca Pai"


sábado, 27 de abril de 2019

Valores democráticos - respeito pelas diferenças e o papel da lei e da justiça



O respeito pelas diferenças: em democracia, ninguém deve ser ou sentir-se discriminado. Não só os indivíduos têm direitos iguais, também os grupos, independentemente das diferenças sociais e culturais, devem ser protegidos. As diferenças caracterizam-nos e isso não nos diminui, pelo contrário, confere-nos identidade. Temos que pensar que somos diferentes uns dos outros e não que os outros são diferentes de nós. A frase, tantas vezes ouvida: todos diferentes, todos iguais, é mesmo verdadeira e faz todo o sentido.



O papel da lei e o direito à justiça: numa democracia, todos os cidadãos estão sujeitos à lei, ninguém pode agir achando que está acima e que nada lhe vai acontecer. Os que violarem as leis do Estado democrático devem ser julgados, independentemente dos cargos e poderes que exerçam; as democracias asseguram a todos o acesso à justiça e à legítima defesa.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Valores democráticos - eleições livres e transparência


As eleições livres: são actos regulares na vida política democrática. Periodicamente, há eleições legislativas, presidenciais e autárquicas. Os cidadãos, com mais de 18 anos de idade, podem manifestar o seu desejo, quanto ao destino político do seu país. Através delas, elegemos os deputados que nos vão representar na Assembleia da República. A nossa democracia é representativa, são os deputados com mandato eleitoral conferido pelo povo que decidem da vida política, social e económica do país.  .

A aceitação dos resultados eleitorais: em democracia a vontade expressa dos eleitores é indiscutível. Não se podem pôr em causa os resultados eleitorais, faz parte das regras democráticas. Os que ganham governam, os que perdem vão para a oposição. A maioria deve criar condições para que os partidos da oposição cumpram o seu papel e estes não devem impedir o governo de governar e aprovar as leis. A tolerância e o respeito pelas regras democráticas são fundamentais.

A transparência: um governo democraticamente eleito, através de eleições livres, responde perante os deputados e também perante todos nós, por isso devemos estar informados daquilo que acontece: o quê e o porquê das decisões, o modo como atuam e tomam as decisões. Neste aspecto, é muito importante o papel da comunicação social, chamado nas democracias de 4º poder.


terça-feira, 23 de abril de 2019

Valores democráticos - os direitos humanos e a cidadania


Os direitos humanos: todas as democracias têm o dever de proteger a vida e a dignidade da pessoa humana. A Declaração Universal dos Direitos Humanos consagra um conjunto de valores comuns a toda a humanidade, por isso, é a referência fundamental para todos os Estados e governos democráticos do mundo. A democracia ao defender a liberdade, a igualdade, a justiça e a identidade cultural está a defender os direitos humanos. 


A cidadania: um dos pilares da democracia, é a participação  de todos os cidadãos na vida pública, começando pelos ambientes e locais onde desenvolvemos o nosso trabalho - a escola, a família, o bairro, a associação, o clube... A participação tem de ser informada e responsável; quando debatemos um assunto, participamos numa reunião, manifestação ou campanha, temos de saber porque o fazemos, quais as razões que justificam o nosso empenhamento e o nosso compromisso e, também, quais as consequências. Temos todos o dever de ajudar a construir uma sociedade melhor e mais justa.

domingo, 21 de abril de 2019

Valores democráticos - a justiça social e a diversidade


A justiça social: só há verdadeira liberdade e igualdade se a justiça social existir. As sociedades democráticas devem assegurar aos cidadãos as condições mínimas para uma vida digna. A equidade é um valor muito importante em democracia, pois para existir igualdade na distribuição dos benefícios sociais - educação, saúde, emprego, tempos livres, cultura... - é necessário, muitas vezes, diferenciar o apoio, em relação aos mais desfavorecidos.

A diversidade: as sociedades democráticas integram diferentes grupos étnicos, culturais e religiosos, com distintos pontos de vista e modos de vida. A multiculturalidade é uma realidade das nossas sociedades, não pode ser causa de conflitos, mas antes uma forma de todos nos sentirmos socialmente enriquecidos. O nosso país acolhe cada vez mais imigrantes que vêm contribuir não só para a riqueza económica do país, mas também para a sua riqueza cultural e cívica.


quarta-feira, 17 de abril de 2019

Valores democráticos - a liberdade e a igualdade


 A liberdade: a democracia reconhece que todas as pessoas têm capacidade para projetar, escolher e decidir por si próprias, intervindo de forma refletida na construção e na mudança das coisas. As sociedades democráticas garantem não apenas as liberdades individuais - de expressão, opinião, associação, reunião, religião, … - mas também as liberdades sociais e económicas.

A igualdade: as democracias partem do princípio de que todas as pessoas são iguais em dignidade e direitos - aspecto consagrado, logo, no 1º artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os governos democráticos devem assegurar as condições necessárias - através de leis, instituições... - para que todos tenham igualdade de oportunidades.




terça-feira, 16 de abril de 2019

Escravatura (4)


O silêncio imposto aos que assistem não pode ser mais perturbador, ainda que os olhos, rasos de água, denunciem a tristeza e a raiva que os consomem por dentro. A que ponto chegam as leis inumanas e a demência de alguns!
Mas, nenhum destes homens deixou de ser gente, e alguns são fortes, muito fortes – é que há alturas em que uma pessoa não pode mais continuar de cabeça baixa – e ousam enfrentar o senhor: reúnem-se, combinam, planeiam a fuga. 
Lá fora, estão os quilombos. Lá fora, está a liberdade, sempre sonhada, mas quase nunca possível. Quem poderá ajudá-los? Talvez, alguns negros já libertados, talvez algum abolicionista. Esperam. Resistem.